Texto de Al-Bacr
(Sintra) é uma das vilas que dependem de Lisboa no Andaluz, nas proximidades do mar. Está permanentemente mergulhada numa bruma que se não dissipa. O seu clima é são e os habitantes vivem longo tempo. Tem dois castelos que são de extrema solidez. A vila está a cerca de uma milha do mar. Há aí um curso de água que se lança no mar e serve para a rega das hortas [...]. A região de Sintra é uma das regiões onde as maçãs são mais abundantes. Esses frutos atingem uma tal espessura que alguns chegam a ter quatro palmos de circunferência. Acontece o mesmo com as peras. Na Serra de Sintra crescem violetas selvagens. Da costa vizinha extrai-se âmbar excelente.
Al-Bacr (século X)
Acerca do texto
Neste texto, como bem refere o Professor Dr. Vitor Serrão*, existe a curiosidade de se referirem "dois castelos". Ora, certamente sendo um o hoje designado por Castelo dos Mouros, o outro seria os Paços dos
Wális muçulmanos (onde hoje encontramos o Palácio Nacional de Sintra). Outra interessante passagem do texto é o facto de referir que Sintra está "
permanentemente mergulhada numa bruma que se não dissipa", aspecto tão apreciado pelos viajantes que desta terra se enamoram e, também, pelo ideário romântico, tantas vezes assim representada em pinturas.
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* in Sintra, Lisboa, Editorial Presença, 1989.